Vacina do HPV

Mitos, Verdades e Esclarecimentos Atuais

Muitas discussões surgiram na internet, midia televisiva, escrita, nas rodas de bate papo e inclusive entre médicos quanto a decisão do governo federal liberar a vacinação para HPV em julho de 2013.

As situações mais discutidas foram:

Esstímulo ao início da vida sexual,

Existem várias doenças sexualmente transmissíveis mais graves que o HPV, é o caso da infecção pelo HIV. É muito inocente imaginar que uma vacinação para apenas uma DST possa estimular ao início mais precoce da atividade sexual.

  1. Não haverá mais necesidade de realizar exames preventivos,
  2. Risco de doenças autoimune
  3. Risco de neuropatias
  4. Efeitos colaterais da vacina liberada Os efeitos colaterais mais freqüentes são mal estar semelhante à gripe e dor no local da injeção que não é intensa.
  5. Qual o motivo de liberar  para meninas acima de 11 anos uma vez que os estudos que definiram a  indicação de bula é para meninas após 9 anos de idade.
  6. Qual o motivo de liberar apenas para meninas de 11 a 13 anos
  7. Futuramente será liberado para outras idades?
  8. Qual o motivo de não vacinar os meninos?
  9. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) em fevereiro de 2014 se posicionou publicamente referindo que cientificamente não tem estudos que confirme ser a vacinação mais eficaz que o exame de papanicolaou.
  10. A vacina tem eficácia confirmada?
  11. Tem mais paises que estão vacinando?
  12. Qual o motivo que o japão suspendeu a vacinação?
  13. Desde quando a vacina vem sendo estudada/
  14. Quantos casos foram vacinados no mundo…e no Brasil?
  15. A vacina da proteção ao câncer de colo uterino
  16. A vacina protege contra verrugas genitais
  17. Quem ja teve HPV pode ser vacinado
  18. Além dos 4 tipos de HPV da vacina pode dar proteção para mais tipos virais?
  19. A vacina para HPV pode ser associada a outras vacinas
  20. A vacina serve para tratamento
  21. Existem novas vacinas em estudo

Primeiras campanhas mundiais de vacinação contra o HPV começaram em 2006

A visão de que vacina é um estímulo à vida sexual precoce, por exemplo, baseia-se em preconceitos”, diz o especialista.

A infecção por HPV é considerada epidemia em vários países. “A incidência de câncer de colo de útero no Brasil, principalmente entre a população de menor renda, é alarmante. A vacina é uma boa aliada na prevenção deste tipo da doença e também do câncer de vulva, vagina e de pênis”, reforça. “Os estudos realizados até agora detectaram uma eficácia de 90% na prevenção de verrugas, 70% na prevenção de câncer vaginal e de colo do útero e 50% na prevenção do câncer de vulva”, acrescenta o médico.

fazer propaganda contra a campanha de vacinação é prejudicar a saúde pública brasileira

De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), desde que a vacinação contra o HPV foi introduzida, em 2006, 56% menos jovens entre 14 e 19 anos foram infectadas. A pesquisa foi publicada no The Journal of Infectious Diseases em junho de 2013. O diretor dos CDC, Tom Frieden, descreveu os resultados como um “chamado de advertência” de que a vacina funciona e deve ser mais utilizada. Atualmente, um terço das meninas estadunidenses entre 13 e 17 anos está completamente vacinada. ”

HPV E VACINA  MITOS E VERDADES

a vacinação não elimina a necessidade da consulta ginecológica e do papanicolau.

Meninas são imunizadas no Distrito Federal, estado que antecipou a campanha de vacinação em 2013

. Desde que o governo federal divulgou, em julho de 2013, os detalhes sobre o programa de vacinação na rede pública, retornaram aos grupos de discussão na internet e às colunas dos jornais depoimentos que questionam a necessidade da imunização em massa. Além de argumentos religiosos e temores de que a vacina possa estimular o início da vida sexual entre as meninas, há também médicos que se posicionaram contra.

Em fevereiro, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) divulgou carta informando que, de acordo com o conhecimento científico atual a respeito do tema, a instituição entende que não há evidências de que a vacinação seja mais eficaz que a estratégia atual – o rastreamento por meio do papanicolau, no exame ginecológico.

Primeiras campanhas mundiais de vacinação contra o HPV começaram em 2006

A visão de que vacina é um estímulo à vida sexual precoce, por exemplo, baseia-se em preconceitos”, diz o especialista.

a infecção por HPV é considerada epidemia em vários países. “A incidência de câncer de colo de útero no Brasil, principalmente entre a população de menor renda, é alarmante. A vacina é uma boa aliada na prevenção deste tipo da doença e também do câncer de vulva, vagina e de pênis”, reforça. “Os estudos realizados até agora detectaram uma eficácia de 90% na prevenção de verrugas, 70% na prevenção de câncer vaginal e de colo do útero e 50% na prevenção do câncer de vulva”, acrescenta o médico.

fazer propaganda contra a campanha de vacinação é prejudicar a saúde pública brasileira

De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), desde que a vacinação contra o HPV foi introduzida, em 2006, 56% menos jovens entre 14 e 19 anos foram infectadas. A pesquisa foi publicada no The Journal of Infectious Diseases em junho de 2013. O diretor dos CDC, Tom Frieden, descreveu os resultados como um “chamado de advertência” de que a vacina funciona e deve ser mais utilizada. Atualmente, um terço das meninas estadunidenses entre 13 e 17 anos está completamente vacinada. ”

O câncer do colo do útero tem estimativa de 15.590 novos casos em 2014 no Brasil. Em 80% deles, há associação com o HPV e pelo menos 5.160 mulheres vão morrer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). É o terceiro tumor mais frequente na  população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no país. Se diagnosticado e tratado precocemente, há praticamente 100% de chance de cura.

“E há um tipo de câncer de colo de útero, o adenocarcinoma, que não têm ligação com o HPV. Cerca de 20% dos casos são dessa versão da doença. O papanicolau e a consulta com o ginecologista nunca podem ser deixados de lado”,

que é necessário mais esclarecimento da população em relação à prevenção do câncer de colo do útero. “A vacina contra o HPV é quadrivalente, ou seja, protege contra quatro tipos do vírus, sendo dois vinculados ao risco oncológico e responsáveis por 70% dos casos da doença. Entretanto, a mulher pode ter contato com algum dos outro tipos – são mais de 100 – ao longo da vida. A coleta citológica é imprescindível”,

No Brasil, no entanto, a cobertura é muito mais baixa do que o ideal. “Nas capitais, o quadro ainda é melhor. Mas há muitas cidades no interior que não têm profissionais capacitados. E quando há o médico, falta laboratório para fazer a análise. Além disso, o tratamento cirúrgico ou por radiofrequência das lesões é complexo. A imensa maioria dos municípios não tem acesso a ele” “Há regiões do país em que nem 30% das mulheres têm acesso ao exame. Como se isso não bastasse, temos problemas de coleta inadequada e análise laboratorial inadequada. Ou seja, temos desafios na abrangência, na qualidade da coleta e na precisão da interpretação do material. Além de ampliar e melhorar o treinamento de profissionais de saúde para realização do exame, é preciso investir também na qualidade laboratorial”,

todos os casos da literatura médica que, até hoje, foram apontados inicialmente como efeitos colaterais da vacina, acabaram descartados em investigações mais aprofundadas

O Ministério da Saúde realizou, em 30/10/2013, após a campanha Outubro Rosa, a reunião do Comitê de Mobilização Social para Prevenção e Tratamento do Câncer de Colo de Útero e de Mama. Entre os dados apresentados, registrou-se a coleta de 8 milhões e 816 mil amostras para o exame citológico em 2013. Destas, apenas 4 milhões e 735 mil haviam sido analisadas até aquele momento. Segundo dados da própria SBMFC, a cobertura do exame no Brasil está bem abaixo dos 80% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – menos de 50% das brasileiras com idade entre 25 e 69 anos faz o papanicolau pelo menos uma vez a cada três anos.  Essa realidade torna ainda mais evidente a necessidade de investimento nas duas estratégias. “Recebi pacientes que aguardaram mais de um ano para tratarem lesões pré-cancerosas. Quando chegaram até mim, o câncer já estava em estágio avançado.

o debate sobre tempo de intervalo entre exames deve ser prioridade na pauta. “A evolução do câncer genital é lenta, varia entre dois e dez anos. Como a rede pública está sobrecarregada, ampliar o espaço de tempo entre um exame e outro, de forma que favoreça a ampliação da cobertura, é uma estratégia a ser avaliada”

Essas informações  não tem base científica, uma contra-propaganda que prejudica toda a saúde pública do Brasil”. “ Todos os casos da literatura médica que, até hoje, foram apontados inicialmente como efeitos colaterais da vacina, acabaram descartados em investigações mais aprofundadas. E olha que mais de 189 milhões de doses já foram aplicadas no mundo,  um dos estudos mais importantes envolveu 13 mil pessoas. Um grupo recebeu a vacina. O outro, placebo. “A prevalência de doenças autoimunes, falência ovariana, síndrome de Guillain-Barré e outros supostos efeitos colaterais foi a mesma nos dois grupos; ou seja, as doenças surgiriam de qualquer maneira naqueles indivíduos.

Uma mulher norte-americana que apresentou fenômenos neurológicos após a imunização – paralisia, dificuldade de fala. O estudo clínico concluiu que ela tinha uma doença autoimune chamada lúpus, que pode levar à vasculite cerebral e provocar paralisia. O vínculo com a vacina foi descartado. O caso do Japão, que recentemente suspendeu a oferta de vacinas na rede pública e sempre é apontado como exemplo pelos grupos anti-vacina.  ….isso pode ter acontecido de forma arbitrária. E a vacina não foi proibida por lá, ou seja, continua disponível, mas sem campanhas ativas.

A vacina contra o HPV é utilizada como estratégia de saúde pública em 53 países, incluindo Estados Unidos, Austrália, Canadá, Inglaterra, México, Colômbia e Suíça. Em 126 nações, no total, sua comercialização também é liberada. Parízio pondera, no entanto, que não se deve transferir o contexto de um país para outro. Segundo ele, as reações variam entre as populações, de acordo com características genéticas, hábitos de vida e fatores ambientais. “É claro que, como em todo e qualquer medicamento e vacina, existe a possibilidade de efeitos adversos. E é natural que os pais queiram saber mais sobre eles. Mas é preciso diferenciá-los de lendas urbanas. Pessoas que têm algum tipo de reação alérgica a levedura e fungos encontrados em fermento de pão, por exemplo, não devem ser vacinadas.

Os especialistas fazem coro com cientistas japoneses que, em agosto de 2013, publicaram na revista científica The Lancet um artigo comentando a decisão do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão. De acordo com o texto, a vacinação foi implantada em abril do ano passado, mas já em junho o ministério aconselhou governadores provinciais a não recomendar ativamente a vacina. No entanto, as unidades de saúde devem continuar a oferecer acesso aos pais que procurem a imunização. Diante da ‘enorme confusão’ criada, os cientistas apontam: a decisão foi tomada devido a temores de eventos adversos, principalmente a ‘síndrome de dor regional complexa’. “Mas o sistema atual de notificação de eventos adversos não segue um processo sistemático para a identificação de causalidade; é necessária uma abordagem científica rigorosa para investigar eventos adversos associados. A decisão de suspender o programa de vacinação foi tomada sem apresentação de provas científicas adequadas”, alerta o grupo no documento.

No artigo, há críticas em relação ao sistema de vacinação do Japão, que estaria sofrendo de ‘uma falha de governança’ que também se reflete em outros aspectos. Caxumba, pneumonia, rotavírus e hepatite B ainda não foram introduzidas no calendário de rotina, mesmo recomendadas pela OMS, ao mesmo tempo que outras vacinas (como Influenza tipo B e pneumocócica conjugada) foram introduzidas sem avaliação custo-eficácia adequada. “O Japão está experimentando atualmente uma epidemia de rubéola, com mais de 10.000 notificações, além de um número crescente de casos de síndrome da rubéola congênita, que poderia ter sido evitado por um programa de vacinação bem gerido. Tendo em conta estas falhas do passado e a presente confusão sobre a vacina contra o HPV, a reforma do sistema de vacinação japonês é essencial”, concluem os pesquisadores.

Uma das críticas dos médicos de família à campanha refere-se ao fato de ela não abranger todos os tipos de HPV. Resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório Merck Sharp & Dohme (MSD), a vacina aplicada no Brasil previne contra quatro tipos de HPV. Os tipos 6 e 11, responsáveis por verrugas genitais; e os 16 e 18, causadores de lesões pré-cancerosas e cânceres de colo do útero, vagina, vulva e ânus. Esses quatro tipos respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero em mulheres.

nem a vacina contra a poliomielite tem 100% de eficácia. Ainda assim, os resultados para a erradicação da paralisia infantil são indiscutíveis. “A vacina contra a gripe também não inclui todos os tipos de vírus e ainda assim contribui para reduzir internações e mortes de idosos em função dessa doença no país. Se a ciência ainda não consegue abarcar todos os tipos, vamos nos defender dos principais e mais perigosos”, defende. Ele rebate também a crítica de que a vacina só teve a eficiência avaliada em meninas virgens. “Isso também não é verdade. Mesmo uma mulher com vida sexual ativa, que pode ter tido contato com um tipo de vírus, por exemplo, pode se beneficiar da imunização e evitar o contágio dos outros tipos

E os meninos?

O HPV está associado também ao câncer de ânus, orofaringe e pênis. “É claro que os recursos para a saúde pública são escassos, mas é muito importante que possamos ter uma segunda etapa que inclua os garotos. Há poucas décadas, o câncer de garganta afetava quase sempre idosos, que fumavam e bebiam. Hoje, este perfil mudou e a doença cresce entre homens jovens, até 30 anos, muitos não fumam e nem bebem. Essa população também pode se beneficiar da imunização”, alerta o professor.

campanhas realizadas no exterior já dão bons resultados também com os meninos.

Os críticos da vacina do HPV apostam, além do exame papanicolau, em uma boa educação sexual, abstinência e fidelidade, dependendo do caso e da idade do público. A proposta, embora contenha boas medidas para evitar todas as doenças sexualmente transmissíveis, não inspira muita esperança em outros especialistas. “O cenário ideal inclui uma educação sexual efetiva desde a puberdade, diálogo aberto com os pais e uma coleta abrangente e qualificada no exame papanicolau. Como tudo isso está muito distante da realidade, a campanha de vacinação pode ser considerada como uma política pública importante e como estratégia conjunta.

O melhor método para evitar a gripe causada pelo vírus influenza, por exemplo, é evitar lugares fechados, não conversar de forma muito próxima com pessoas gripadas, não beijar quem está doente. É uma visão romântica. Na prática, isso não funciona, infelizmente. Por mais que haja informações e orientações, parte dos adolescente não usa preservativo, principalmente no sexo oral. Ao mesmo tempo que temos que conseguir uma adesão maior à camisinha, devemos investir em novas frentes de prevenção. E há também outras situações imprevisíveis – e se a camisinha estourar? Se os parceiros estiverem vacinados, o risco de contaminação pelo HPV, pelo menos, será muito menor. Não podemos ficar na base do ‘achismo’

Reforçando,  a vacina jamais deve substituir o exame anual. E para aqueles pais que estão em dúvida, ele recomenda: converse com um especialista. Ou até dois. “A segunda opinião sempre é muito importante”, aponta.

Esta não é a primeira nem a última vez que surgem dúvidas em relação a vacinas, mas é importante avaliar bem a fonte das informações antes de tomar as decisões.

No dia 10 de março, o Ministério da Saúde integrou ao seu calendário a vacinação contra o vírus papilomavírus humano, o HPV, responsável por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero, terceiro tipo mais frequente entre mulheres no Brasil. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde e usada em mais de 50 países, a vacina protege contra quatro subtipos do vírus e tem eficácia de 98%, segundo o MS. Para 2014, o órgão investiu em 15 milhões de doses e pretende vacinar 80% das meninas de 11 e 13 anos, faixa etária em que estão 5,2 milhões de brasileiras. No Recife, a vacinação nas escolas foi iniciada na segunda-feira, com expectativa de imunização de 36,2 mil meninas. Alguns pais estão receosos com possíveis riscos, sobretudo de efeitos colaterais.

Em fevereiro, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) divulgou carta informando que, de acordo com o conhecimento científico atual a respeito do tema, a instituição entende que não há evidências de que a vacinação seja mais eficaz que a estratégia atual – o rastreamento por meio do papanicolau, no exame ginecológico. No entanto, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, a vacina é eficaz e segura.

Apesar de aceita pela maioria da população, a imunização tem sido alvo de críticas e questionamentos,  inclusive nas redes sociais, que vão desde a saúde das meninas ao investimento de R$ 1,1 bilhão para os próximos cinco anos. Técnica em enfermagem e mãe de três filhos, Priscilla Oliveira, 32 anos, tem uma filha na faixa etária recomendada, mas decidiu não autorizar a vacinação. Ela disse que, após fazer uma pesquisa, ficou insegura. “Quando você se depara com meninas que desenvolveram síndromes autoimunes, ainda que não sejam casos comprovados, não dá para autorizar que ela tome essa vacina”. Uma pesquisa britânica avaliou 997.585 garotas entre 10 e 17 anos (296.826 vacinadas), e apontou que não há evidência sobre a correlação entre a vacina e as doenças autoimunes.

A aplicação da dose já foi seguida de reações como náusea, dor no local da injeção e desmaios, mas os casos seriam ínfimos frente ao universo de pessoas imunizadas, segundo o ministério.

A técnica Priscila critica ainda o método de vacinação do MS, no qual crianças são previamente autorizadas e seus pais precisam desautorizar caso discordem. “Eles subentendem que os pais que não assinam termo de não-consentimento concordam com a vacinação quando, na verdade, esse documento pode nunca ter chegado a eles. Muitos não sabem ler e dessa forma seus filhos estão expostos”, opina.

Entrevista: Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde

“A vacina é eficaz e segura”

Em 2011 o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica onde não recomendava a vacina contra do HPV. O que mudou?
Em 2011 estávamos começando a discutir a introdução da vacina e precisávamos que fosse realizado um estudo de custo e efetividade. Como não havia urgência, seguimos analisando e estudando a vacina para usar no momento certo. Hoje, com os resultados esclarecidos e debatidos, acreditamos na importância de tê-la no calendário.

As meninas que forem vacinadas são expostas a algum tipo de risco de saúde?

É claro que numa escala de milhões, alguns eventos adversos serão registrados e é preciso investigá-los, descobrir se têm relação com a vacina ou o que chamamos de causa temporal, quando algum vírus está incubado e coincide sde se manifestar após a injeção, mas que não tem a ver com a vacina. Em 15 dias, vacinamos 1,7 milhão de meninas e não temos nenhum evento fora do esperado.

A estratégia de usar as escolas como local de vacinação está sendo criticada por alguns pais. Por que este método está sendo usado?

A dose também será aplicada nas escolas porque todas as observações demonstram que vacinações que usam essa estratégia conseguiram uma cobertura alta, com 80%. Muitas vezes as pessoas não têm a iniciativa de levar os filhos nos postos de saúde e a gente quer uma cobertura adequada. Tem vacina que a gente estimula que seja feita até dentro de shoppings para se aproximar do público alvo. Neste caso, fazer na escola é uma forma de garantir que iremos conseguir atingir a meta.

Alguns pais questionam a segurança e a eficácia da vacinação. Como o ministério vê isso?

Algumas hipóteses são fantasiosas e outros pontos foram discutidos pelo próprio Ministério, que concluiu que a vacina é segura e eficaz. Essas polêmicas lembram o ano 2000, quando o governo lançou a vacina de Influenza e as pessoas disseram que o governo queria matar os idosos para reduzir gastos com aposentadoria. Isso é um absurdo, mas o que prevalece são os fatos. Não temos nenhuma dúvida. Temos uma tranquilidade muito grande de que a vacina é eficaz e segura.

Saiba mais

O que é HPV?

HPV é a sigla em inglês para o papilomavírus humano. Com alta capacidade infecciosa e mais de 100 tipos, os vírus são transmitidos principalmente por via sexual, através do contato com a pele ou mucosa infectada, mesmo que não haja penetração. Os vírus também podem ser transmitidos de mãe para filho durante o parto.

Investimentos no Brasil

R$ 1,1 bilhão serão gastos com a vacina em 5 anos

R$ 31,02 é o preço que o governo paga por cada dose da vacina

R$ 20 milhões serão investidos na publicidade da vacinação do HPV

5,2 milhões de meninas devem ser vacinadas no Brasil

253.328 pernambucanas estão aptas a receber a vacina

30% das mulheres sexualmente ativas no mundo são infectadas pelo vírus em algum momento da vida

95% das pessoas infectadas não apresentam formas de manifestação

70% dos casos de câncer de colo do útero têm influência dos tipos 16 e 18 do HPV

13 tipos de HPV são considerados oncogênicos

15.590 novos casos de câncer do colo de útero são previstos pelo Inca no Brasil

970 destes casos são em Pernambuco e 180 no Recife

A vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), iniciada nas redes de ensino em 10 de março, pretende reduzir a incidência do câncer de colo de útero no país pela imunização de meninas entre 11 e 13 anos. Mas embora a ação seja importante na luta contra o segundo câncer que mais mata mulheres no Brasil, a vacina não deve dar a sensação de proteção total e ser tomada como único método de prevenção, advertem especialistas.

A eficácia da vacina é de 98,8%, mas as três doses previnem contra apenas quatro tipos do vírus — dentre cem. Dois deles causam o câncer e dois são relacionados ao aparecimento de verrugas.

— Sabidamente são os mais relacionados ao câncer do colo uterino, mas ela não cobre outros que podem gerar infecção na mucosa vaginal, na vulva e no parceiro sexual — diz Sérgio Galbinski, ginecologista do setor de reprodução humana do Hospital Fêmina.

Desta forma, as consultas ginecológicas anuais, assim como os exames e o uso do preservativo, devem continuar sendo feitos, independentemente da idade sexual, pois previnem contra outras infecções ou doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como clamídia, sífilis, gonorreia, hepatite B e HIV.

— O risco que a pessoa tem de adquirir o HPV é o mesmo que tem de adquirir qualquer outro tipo de infecção por transmissão sexual — explica o professor de ginecologia da Faculdade de Medicina da UFRGS Paulo Naud, consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A clamídia, por exemplo, é uma DST que não traz sintomas, mas ataca o colo do útero e pode levar à infertilidade (quando a mulher não consegue engravidar pelos métodos tradicionais) ou à esterilidade (quando perde a capacidade total de ser fértil).

Diferentemente da vacinação contra o HPV, que tende a começar cedo, os exames podem começar a ser feitos após a primeira relação sexual, quando há maior exposição à transmissão de DSTs. A periodicidade deve ser pelo menos anual, como uma forma de prevenção, e para que o tratamento, no caso de detecção de doenças, seja mais eficaz.

— Pelo tratamento precoce das infecções, tanto por HPV quanto por outras bactérias e vírus, é possível prevenir o câncer e os danos à capacidade reprodutiva — afirma Galbinski.

Papanicolau é o teste que nunca pode ser esquecido

Os especialistas ressaltam que o teste que não deve deixar de ser feito é o Papanicolau, exame que detecta células indicativas do HPV, assim como lesões pré-malignas ou malignas no colo uterino. A orientação do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que deva ser feito dos 25 aos 64 anos, pois mesmo quando a contaminação ocorre na adolescência, os sintomas do papilomavirus irão aparecer na segunda década de vida, aponta Naud. O professor também afirma que qualquer exame é apenas complementar à consulta médica.

A CAMPANHA

– Neste ano, a população-alvo da vacinação serão adolescentes do sexo feminino de 11 a 13 anos. Em 2015, serão vacinadas as meninas na faixa de nove a 11 anos e, a partir de 2016, de nove anos.

– Cada adolescente deverá tomar três doses, sendo a segunda seis meses depois da primeira, e a terceira, cinco anos após a primeira dose.

– Há vacinação nas escolas e em postos de saúde.

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Exames que devem ser feitos pelas mulheres, mesmo que tenham sido vacinadas contra o HPV

CONSULTA GINECOLÓGICA – ANUAL

– Médico verifica se há alterações ginecológicas visíveis, secreções, entre outras. Após a primeira menstruação, a dica é que se procure um médico quando o ciclo é irregular ou haja complicações. O mais indicado é que seja após a primeira relação sexual.

PAPANICOLAU, PREVENTIVO OU CITOPATOLÓGICO – ANUAL

– Mostra células que podem ser indicativas do próprio HPV, pré-malignas ou malignas. Também é possível ver as características bacteriológicas genitais (na prevenção de infecções). A partir dos 25 anos, ou quando houver indicação.

EXAME DIRETO – ANUAL

– Pela observação da secreção, o médico verifica se há infecção por fungos, como a gardnerella, por candida albicans, trichomonas vaginalis (doenças vaginais, sexualmente transmissíveis), e outras inflamações.

COLPOSCOPIA – ANUAL

– Verifica alterações no colo do útero, decorrentes de infecções, como o HPV, e direciona para a realização de biópsias. Dependendo da indicação médica, pode ser feito anualmente ou apenas quando houver lesões. Nesse caso, a indicação para realizá-lo pode ser trimestral ou semestralmente durante dois anos.

Teve início esta semana a campanha de lançamento da vacina contra o HPV para meninas de 11 a 13 anos no sistema público de saúde. Para enfatizar a importância da imunização, o evento organizado pelo Ministério da Saúde em São Paulo reuniu a presidente Dilma Rousseff, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o prefeito da capital Fernando Haddad, além de várias outras autoridades. O esforço na divulgação não é à toa: por se tratar de uma vacina nova e um vírus sexualmente transmissível, o tema desperta receio nos pais.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), autoridades sanitárias em todo o mundo e sociedades médicas brasileiras como a de pediatria e ginecologia e obstetrícia reiteram a importância da vacinação. Mas há médicos que não estão convencidos. E centenas de pais e mães, após encontrarem relatos de efeitos graves supostamente ligados à imunização, passaram a questionar se vale a pena autorizar que as filhas recebam a primeira dose na escola. Leia, a seguir, alguns fatos sobre o HPV e a vacina:

– O HPV (papilomavírus humano) infecta a pele e as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital (é considerada a doença sexualmente transmissível mais comum que existe). Pelo menos 13 tipos de HPV podem causar lesões capazes de evoluir para câncer.

– Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens.

– Os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero e também na maioria dos casos de câncer de ânus, vulva e vagina. Já os tipos 6 e 11 não causam câncer, mas são encontrados em 90% das verrugas genitais.

– O HPV é a principal causa do câncer do colo de útero, terceiro tipo mais frequente entre as mulheres, atrás apenas do de mama e de cólon e reto. No ano passado, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), 4.800 brasileiras morreram desse tipo de câncer no país, a maioria de classes menos favorecidas.

– Na maior parte das vezes, o organismo combate sozinho o HPV. Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverão alguma forma de manifestação. Dessas, uma pequena parte evoluirá para câncer caso não haja diagnóstico e tratamento adequado. O HPV tem sido associado, cada vez mais, a casos de câncer de boca e garganta, e em idades cada vez mais baixas.

– O uso de preservativo ajuda, mas não protege 100% contra o HPV, já que o vírus pode estar áreas que não estão cobertas pela camisinha. Qualquer tipo de atividade sexual pode transmitir o HPV, não apenas a penetração. E tanto homens quanto mulheres podem estar infectados sem apresentar sintomas.

– Não há tratamento específico para eliminar o vírus. O tratamento das lesões clínicas deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo. Após ser tratada, a pessoa ainda pode voltar a se reinfectar.

– A vacina quadrivalente contra o HPV (Gardasil) utilizada na campanha brasileira, protege contra 4 tipos de HPV (6, 11 ,16 e 18). Apesar de gratuita apenas para meninas de 11 a 13 anos (e, futuramente, para todas as meninas de 9 a 13 anos), ela é aprovada para homens e mulheres de 9 a 26 anos. A vacina bivalente (contra os tipos 16 e 18) é aprovada sem limite de idade. Clínicas particulares também oferecem a vacina para pessoas acima dessa faixa etária, por considerar que há benefício.

– O Ministério da Saúde adotou um esquema vacinal diferente do previsto na bula da vacina quadrivalente, que estabelece a segunda dose deve ser administrada dois meses após a primeira, e a terceira dose, seis meses após a primeira. Na rede pública, a segunda dose acontece seis meses após a primeira e a terceira, apenas cinco anos depois. Segundo o governo, o esquema alternativo garante maior adesão.

– Como ocorre com todas as vacinas, as reações mais comuns são relacionadas ao local da injeção como, por exemplo, dor, vermelhidão e inchaço (edema). Os menos comuns são cefaleia e febre. Em geral, esses sintomas são de leve intensidade e desaparecem no período de 24 a 48 horas.

– A síncope (desmaio) pode ocorrer após qualquer vacinação, especialmente em adolescentes e adultos jovens. Portanto, as pessoas vacinadas devem ser observadas com atenção por aproximadamente 15 minutos após a administração da vacina.

– No Japão, o governo deixou de promover a vacina após o registro de síndromes dolorosas em cinco meninas. Os casos estão sendo investigados, mas a vacina continua disponível gratuitamente para a população interessada.

– A vacina quadrivalente contra o HPV está no programa nacional de imunizações de 62 países. Mais de 134 milhões de doses da vacina quadrivalente contra o HPV foram  aplicadas no mundo.

– Há relatos de meninas que desenvolveram doenças autoimunes após tomarem a vacina. Eles são descritos em estudos científicos publicados e também háprocessos em curso contra a fabricante. Segundo médicos e a empresa, não há comprovação de que o produto foi a causa desses eventos.

– Nenhum estudo comprova que a vacina quadrivalente reduz a incidência de câncer de colo de útero. Como ela foi aprovada em 2006 e o HPV pode levar mais de 30 anos para se desenvolver, isso só será documentado dentro de algumas décadas.

– Alguns estudos mostram que a vacina reduz as infecções por HPV. Nos EUA, por exemplo, elas caíram pela metade após um terço das jovens entre 13 e 17 anos tomarem todas as doses da vacina.

Fontes: Inca (Instituto Nacional de Câncer), MSD, Ministério da Saúde e médicos consultados pelo UOL Saúde

@SAÚDE COM JAIRO BOUER: ESPECIALISTA TIRA DÚVIDAS SOBRE A VACINA

 

Em duas semanas, São Paulo vacina 56% do previsto contra o HPV

Desde 10 de março, quando campanha começou, mais de 451 mil meninas foram imunizadas no Estado

24 de março de 2014 | 16h 38

Fabiana Cambricoli – O Estado de S.Paulo

Mais de 451,4 mil meninas foram vacinadas contra o vírus HPV no Estado de São Paulo em duas semanas de campanha, aponta levantamento divulgado nesta segunda-feira, 24, pela Secretaria Estadual da Saúde. O número representa 56% da meta de vacinação, que é imunizar 808,3 mil adolescentes paulistas até o dia 10 de abril.

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Indicada para garotas de 11 a 13 anos, a vacinação está sendo oferecida nos postos de saúde e em escolas públicas e particulares participantes. A secretaria não informou quantas meninas foram vacinadas em cada tipo de instituição. A vacina tem como principal objetivo prevenir o câncer de colo de útero e outros tumores causados pelo vírus HPV.

Das 451,4 mil vacinas aplicadas, quase um terço delas foi dado em garotas da capital paulista, que já imunizou 125,8 mil adolescentes. Segundo município com o maior número de doses aplicadas até agora, Campinas teve 41,7 mil imunizações.

A vacina contra o HPV é dada em três doses. Após a aplicação da primeira, a segunda deve ser dada em seis meses e a terceira, em cinco anos.

Tópicos: HPV, Vacinação, São paulo

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– Quan­tas va­ci­nas con­tra HPV exis­tem?

Res­pos­ta: Vá­rios são os gru­pos pes­qui­san­do va­ci­na con­tra HPV. Porém, os es­tu­dos mais adian­ta­dos são: va­ci­na qua­dri­va­len­te (HPV 6, 11, 16, 18) da Merck Sharp & Dohme (MSD); va­ci­nas bi­va­len­tes (HPV 16, 18) da Glaxo Smith Kline (GSK), Ins­ti­tu­to Na­cio­nal do Cân­cer (Es­ta­dos Uni­dos) e Ins­ti­tu­to Bu­tan­tan (Bra­sil).

– De que é feita a va­ci­na? É vírus morto? É vírus ate­nua­do?

Res­pos­ta: A ciên­cia mé­di­ca nos úl­ti­mos anos avan­çou muito nas ques­tões en­vol­ven­do a bio­lo­gia molecular. O que há trin­ta anos pa­re­cia im­pos­sí­vel, hoje é coisa cor­ri­quei­ra nos gran­des cen­tros de pes­qui­sas sobre genética.

Conseguiu-se iden­ti­fi­car a parte prin­ci­pal do DNA do HPV (gene) que co­di­fi­ca para a fa­bri­ca­ção do cap­sí­deo viral (parte que en­vol­ve o ge­no­ma do vírus). De­pois, usando-se um fungo (Sa­ca­ro­mi­ces ce­re­vi­siae), entre outros sistemas, como células de inseto, se ob­te­ve ape­nas a “capa” do vírus que em tes­tes pre­li­mi­na­res mos­trou in­du­zir for­te­men­te a pro­du­ção de an­ti­cor­pos quan­do ad­mi­nis­tra­da em humanos. Essa “capa” viral, sem qual­quer ge­no­ma em seu in­te­rior, é cha­ma­da de par­tí­cu­la se­me­lhan­te a vírus (em in­glês, virus like par­ti­cle – VLP). Na verdade, é um pseudo-vírus. O passo se­guin­te foi es­ta­be­le­cer a me­lhor quan­ti­da­de de VLP e tes­tar em hu­ma­nos na pre­ven­ção de le­sões in­du­zi­das por HPV. Cabe dizer que cada tipo viral tem a cor­res­pon­den­te VLP para uso como vacina. Assim, uma va­ci­na bi­va­len­te tem duas VLP (16, 18). Já uma va­ci­na qua­dri­va­len­te tem qua­tro VLP (6, 11, 16, 18).

Para que não paire dú­vi­das sobre o cons­ti­tuin­te e poder não in­fec­cio­so das VLP ima­gi­ne um mamão inteiro. Den­tro ha­ve­rá um monte de se­men­tes (ma­te­rial ge­né­ti­co) que cain­do em um ter­re­no fér­til po­de­rá ori­gi­nar um (ou mais) mamoeiro. Mas, se todas as se­men­tes forem re­ti­ra­das do in­te­rior do mamão, fi­can­do tudo oco, mesmo que esse mamão seja acon­di­cio­na­do em um bom ter­re­no ja­mais dali nas­ce­rá um pé de mamão.

No caso das VLP elas imi­tam o HPV fa­zen­do com que o or­ga­nis­mo iden­ti­fi­que tal es­tru­tu­ra como um in­va­sor e pro­du­za con­tra ele um me­ca­nis­mo de de­fe­sa, de proteção.

Esse sis­te­ma é bem co­nhe­ci­do, se­gu­ro e usado há muito tempo com a va­ci­na con­tra a he­pa­ti­te B.

Na sua fa­bri­ca­ção não en­vol­ve de­ri­va­dos de cé­lu­las hu­ma­nas e não pos­sui risco de cau­sar qual­quer doen­ça infecciosa.

– Como se dá a pro­te­ção pela va­ci­na?

Res­pos­ta: Ainda es­ta­mos apren­den­do muito com a va­ci­na con­tra HPV. Tem sido ob­ser­va­do que após a ad­mi­nis­tra­ção, por via in­tra­mus­cu­lar, de dose de va­ci­na con­tra HPV acon­te­ce uma enor­me pro­du­ção de an­ti­cor­pos cir­cu­lan­tes (no san­gue pe­ri­fé­ri­co) e que se man­tém, em ní­veis ele­va­dos, du­ran­te anos.

Na ins­ta­la­ção da in­fec­ção pelo HPV de forma na­tu­ral tam­bém exis­te o apa­re­ci­men­to des­ses mes­mos anticorpos. Porém, os ní­veis são geo­me­tri­ca­men­te bem in­fe­rio­res quan­do com­pa­ra­dos com os ní­veis pós-vacinal. Mui­tos pes­qui­sa­do­res têm atri­buí­do a esse fator (al­tís­si­mos ní­veis de an­ti­cor­pos) a pro­te­ção con­tra as le­sões in­du­zi­das pelo HPV. Tem se fa­la­do que com essa ex­plo­são de an­ti­cor­pos é fácil para eles che­ga­rem nos lo­cais onde, pos­te­rior­men­te, ocor­ra, de forma na­tu­ral, a in­tro­du­ção do HPV e então de­be­lar os vírus no mo­men­to ini­cial da infecção. Assim, não ha­ve­ria a pro­li­fe­ra­ção do HPV nos te­ci­dos e con­se­qüen­te­men­te não ocor­re­ria doen­ça (sin­to­mas).

Para o vírus da he­pa­ti­te B isso é o que acontece. To­da­via, em ou­tras doen­ças, como HIV/Aids, em­bo­ra tam­bém ocor­ra uma ex­plo­são de an­ti­cor­pos cir­cu­lan­tes, esses an­ti­cor­pos não são su­fi­cien­tes para evi­tar que a in­fec­ção pro­gri­da e se torne uma grave doença.

É pos­sí­vel que os altos e man­ti­dos ní­veis de an­ti­cor­pos seja o prin­ci­pal fator de proteção. Mas, não fi­ca­re­mos sur­pre­sos se exis­ti­rem ou­tros me­ca­nis­mos que, ainda, não foram desvendados.

O fato prin­ci­pal é que após es­que­ma va­ci­nal com­ple­to con­tra HPV as pes­soas têm apre­sen­ta­do pro­te­ção con­tra os tipos de vírus usa­dos em cada preparação.

Cabe, ainda, dizer que até hoje, e já se pas­sa­ram mui­tos anos e com o uso em mi­lhões de pes­soas, não se co­nhe­ce o ver­da­dei­ro me­ca­nis­mo de pro­te­ção con­fe­ri­do pela va­ci­na para Bor­de­tel­la per­tus­sis, leia-se coqueluche.

– É por via oral ou é in­je­ção?

Res­pos­ta: É por via in­tra­mus­cu­lar – in­je­ção de ape­nas 0,5 mL cada dose.

– Quan­tas doses são?

Res­pos­ta: A va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra HPV (MSD) está sendo pro­pos­ta em três doses, a saber, 0 dia, 60 dias e 180 dias. Já a va­ci­na bi­va­len­te (GSK), tam­bém em três doses, mas sendo, 0 dia, 30 dias e 180 dias.

– Quan­to tempo dura o efei­to da va­ci­na?

Res­pos­ta: Os es­tu­dos clí­ni­cos estão mos­tran­do que cinco anos após a ad­mi­nis­tra­ção da va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra HPV ainda per­sis­te a pro­te­ção con­tra ver­ru­gas ge­ni­tais e neo­pla­sias intra-epiteliais do colo uterino.

– Vai ter ne­ces­si­da­de de re­for­ço ou dose su­ple­men­tar? Se SIM, quan­to tempo de­pois?

Res­pos­ta: Até o mo­men­to sabe-se que a pro­te­ção, após es­que­ma va­ci­nal com­ple­to (três doses) tem du­ra­do mais de cinco anos. Exis­te es­tu­do sendo con­du­zi­do no sen­ti­do de se fazer uma quar­ta dose de reforço. En­tre­tan­to, será ne­ces­sá­rio es­pe­rar mais tempo para uma res­pos­ta definitiva.

– Tem gra­ves efei­tos co­la­te­rais?

Res­pos­ta: Os re­sul­ta­dos dos en­saios clí­ni­cos (de todas as va­ci­nas con­tra HPV) pu­bli­ca­dos em re­vis­tas in­ter­na­cio­nais de corpo edi­to­rial rí­gi­do não apon­tam para esses problemas. Os efei­tos ad­ver­sos mais des­ta­ca­dos são mal estar tipo gripe e dor no local da injeção. Porém, fre­qüen­te­men­te, de leve intensidade.

– Al­guém já mor­reu pela va­ci­na?

Res­pos­ta: Não temos co­nhe­ci­men­to desse grave efei­to co­la­te­ral até a pre­sen­te data.

– A va­ci­na con­tra HPV tem efei­to te­ra­to­gê­ni­co?

Res­pos­ta: Até a pre­sen­te data não exis­te qual­quer re­la­to sobre dano para o feto caso a mu­lher en­gra­vi­de no curso de es­que­ma va­ci­nal con­tra HPV.   Ver­da­dei­ra­men­te, a ex­pe­riên­cia é muito pe­que­na para uma con­clu­são confiante. Somos de opi­nião que uma pes­soa que quei­ra en­gra­vi­dar em se­gui­da a ad­mi­nis­tra­ção das doses de va­ci­na con­tra HPV es­pe­re, pelo menos, um mês após a apli­ca­ção da ter­cei­ra dose. Ha­ven­do gra­vi­dez entre os in­ter­va­los das doses o mé­di­co as­sis­ten­te deve ser avisado. Ten­tan­do uma cor­re­la­ção com outra va­ci­na fa­bri­ca­da com os mes­mos prin­cí­pios (par­tí­cu­las se­me­lhan­te a vírus) e que se pos­sui uma vasta ex­pe­riên­cia, a va­ci­na con­tra he­pa­ti­te B, o es­pe­ra­do é que nada de mal ocor­ra para o bebê. Hoje temos con­fian­ça em va­ci­nar con­tra he­pa­ti­te B mu­lhe­res grávidas. To­da­via, como as in­fec­ções não são idên­ti­cas, o cor­re­to, para nós, é evi­tar va­ci­na­ção con­tra HPV em mu­lhe­res grávidas. Pelo menos até que tudo fique bem documentado. E isto pode levar anos.

– Será que to­man­do va­ci­na con­tra uns tipos pode apa­re­cer re­sis­tên­cia para ou­tros tipos de HPV como ocor­re nos casos de re­sis­tên­cia aos an­ti­bió­ti­cos?

Res­pos­ta: Não é comum que va­ci­nas se­le­cio­nem ou in­du­zam o apa­re­ci­men­to de es­pé­ci­mes re­sis­ten­tes como acon­te­ce fre­qüen­te­men­te com an­ti­bió­ti­cos e qui­mio­te­rá­pi­cos antiinfecciosos. Se o pro­du­to fosse uma droga an­ti­vi­ral isso teria chan­ce de acontecer. Como acon­te­ce no caso da te­ra­pia an­ti­re­tro­vi­ral para o HIV.

– Tem rea­ção cru­za­da (imu­no­ge­ni­ci­da­de) com ou­tros tipos de HPV? Ou seja, to­man­do va­ci­na con­tra uns tipos fica tam­bém pro­te­gi­da para ou­tros?

Res­pos­ta: Os es­tu­dos estão mos­tran­do au­men­to sig­ni­fi­ca­ti­vo nos ní­veis de an­ti­cor­pos de al­guns tipos de HPV ge­ne­ti­ca­men­te bem pró­xi­mos aos em­pre­ga­dos em cada vacina. Assim, começa-se a acre­di­tar que pode haver imu­ni­da­de cru­za­da para um ou dois tipos ape­nas de HPV. Cabe, en­tre­tan­to, dizer que esses au­men­tos nas taxas de an­ti­cor­pos valem para um ou dois tipos vi­rais de cada clas­si­fi­ca­ção: alto grau (16, 18) ou baixo grau (6, 11). Todavia, os es­tu­dos não têm de­mons­tra­do que to­man­do uma va­ci­na con­tra HPV 16, 18 (SIL/NIC) ter-se-á pro­te­ção para os HPV 6, 11 (con­di­lo­mas acu­mi­na­dos).

– Os veí­cu­los e ad­ju­van­tes das va­ci­nas pos­suem pa­péis re­le­van­tes na pro­te­ção con­tra as doen­ças?

Res­pos­ta: Não po­de­mos de­fi­nir, hoje, que os pro­du­tos usa­dos como ad­ju­van­tes nas va­ci­nas con­tra HPV têm algum papel di­fe­ren­te de ape­nas ser um adjuvante. O que de­ve­mos lem­brar é que o prin­ci­pal de uma va­ci­na é o an­tí­ge­no que serve como imunizante. No caso aqui, as par­tí­cu­las se­me­lhan­tes a vírus. Vale lem­brar que os pla­ce­bos (so­lu­ções inó­cuas que ser­vem de con­tro­le para os tes­tes de efi­cá­cia das va­ci­nas) são os pró­prios ad­ju­van­tes usa­dos nas vacinas. E nes­ses gru­pos não se têm ob­ser­va­do qual­quer efei­to protetor. Por outro lado, de­ve­mos es­pe­rar que algum es­tu­do con­fir­me ou não se um de­ter­mi­na­do ad­ju­van­te de uma va­ci­na po­ten­cia­li­za o efei­to imu­ni­zan­te da va­ci­na con­tra HPV.

– Quem deve ser va­ci­na­do?

Res­pos­ta: As pes­qui­sas clí­ni­cas en­vol­ven­do gru­pos com va­ci­na e gru­pos com pla­ce­bo pu­bli­ca­das até agora re­ve­lam re­sul­ta­dos de va­ci­na­ção em mu­lhe­res de 15 a 25 anos de idade.

Houve, por outro lado, pes­qui­sa onde o ob­je­ti­vo era saber a imu­no­ge­ni­ci­da­de (pro­du­ção de res­pos­ta imune) em me­ni­nos e me­ni­nas de 9 a 15 anos. Neste es­tu­do observou-se que os me­ni­nos apre­sen­ta­ram pico de an­ti­cor­pos maio­res que as meninas. E mais, quan­to menor a idade maior foi o nível de pro­du­ção de anticorpos.

Por tais mo­ti­vos, o pe­di­do de li­cen­ça de co­mer­cia­li­za­ção da va­ci­na foi feito para pes­soas de 9 anos de idade ou mais.

As pes­qui­sas clí­ni­cas com o ob­je­ti­vo de ava­liar pro­te­ção con­tra doen­ças (con­di­lo­ma acuminado-verruga ge­ni­tal e neo­pla­sia intra-epitelial do colo ute­ri­no) que já foram con­cluí­das e pu­bli­ca­das em re­vis­tas cien­tí­fi­cas são com pes­soas de 15 a 25 anos de idade.

Em 8 de junho de 2006 a agên­cia norte-americana FDA (Food and Drugs Ad­mi­nis­tra­tion) deu pa­re­cer fa­vo­rá­vel ao pe­di­do de li­be­ra­ção da va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra HPV feito pela MSD. Quer dizer: apro­va­ram a va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra HPV 6, 11, 16, 18 para apli­ca­ção em pes­soas do sexo fe­mi­ni­no na faixa etá­ria de 9 a 26 anos. Este pa­re­cer serve para a co­mer­cia­li­za­ção nos Es­ta­dos Unidos. O órgão bra­si­lei­ro si­mi­lar ao FDA, a AN­VI­SA (Agên­cia Na­cio­nal de Vi­gi­lân­cia Sa­ni­tá­ria) em 28/08/2006 aprovou a vacina quadrivalente da MSD para uso em meninas e mulheres com 9 a 26 anos de idade.

A va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra HPV já foi apro­va­da, tam­bém, no Mé­xi­co, na Aus­trá­lia e no Canadá.

– Qual é o nome da va­ci­na apro­va­da?

Res­pos­ta: O nome in­ter­na­cio­nal da va­ci­na da MSD é Gar­da­sil® (in­glês: gard de guar­dião e sil de lesão intra-epitelial es­ca­mo­sa). To­da­via, a le­gis­la­ção bra­si­lei­ra, para va­ci­nas, não per­mi­te a co­mer­cia­li­za­ção com nome de marca, mas com a fun­ção da vacina. Assim, nesse caso, no Bra­sil, o ró­tu­lo terá que cons­tar: Va­ci­na Qua­dri­va­len­te Re­com­bi­nan­te con­tra HPV 6, 11, 16, 18.

Vale, ainda, adian­tar o nome in­ter­na­cio­nal da va­ci­na bi­va­len­te con­tra HPV 16, 18 da GSK que é Cer­va­rix® e que na Eu­ro­pa a va­ci­na qua­dri­va­len­te re­com­bi­nan­te con­tra HPV 6, 11, 16, 18 da MSD tem o nome de Sil­gard®.

– Como saber se a va­ci­na pegou?

Res­pos­ta: Ainda não sa­be­mos como responder. Como não exis­tem co­mer­cial­men­te os rea­gen­tes e nem as me­to­do­lo­gias dis­po­ní­veis para uso na prá­ti­ca mé­di­ca não temos como dosar as taxas de anticorpos. Mas, po­de­mos afir­mar que em todos os es­tu­dos as pes­soas va­ci­na­das ti­ve­ram altas taxas de pro­du­ção de anticorpos.

– É ne­ces­sá­rio fazer a pes­qui­sa de HPV antes de tomar a va­ci­na?

Res­pos­ta: Com os co­nhe­ci­men­tos atuais esse pro­ce­di­men­to não está sendo usado. Vale, ainda, dizer que, tam­bém, não é ne­ces­sá­rio o exame pré­vio de Pa­pa­ni­co­laou para as ado­les­cen­tes ou mu­lhe­res sem ati­vi­da­de se­xual que de­ci­di­rem fazer uso da va­ci­na con­tra HPV.

– Uma pes­soa que já teve SIL/NIC pode tomar a va­ci­na?

Res­pos­ta: Como sa­be­mos, hoje, que lesão in­trae­pi­te­lial es­ca­mo­sa do colo ute­ri­no (SIL) ou neo­pla­sia intra-epitelial cer­vi­cal (NIC) tem a par­ti­ci­pa­ção de HPV é pos­sí­vel, ini­cial­men­te, ima­gi­nar que quem teve tal pro­ble­ma não terá be­ne­fí­cio se re­ce­ber uma va­ci­na con­tra HPV. En­tre­tan­to, sa­be­mos, tam­bém, que, mui­tas vezes, ape­nas um tipo viral está en­vol­vi­do nes­ses problemas. Assim, uma vez que as va­ci­nas em es­tu­dos pos­suem dois (GSK, INC, Bu­tan­tan) ou qua­tro (MSD) tipos de HPV uma pro­te­ção con­tra os ou­tros tipos não en­vol­vi­dos na pri­mei­ra in­fec­ção po­de­rá ser be­né­fi­ca para a pessoa. No caso es­pe­cí­fi­co da va­ci­na qua­dri­va­len­te, como as NIC/SIL pos­suem curso bem dis­tin­tos das le­sões de ver­ru­gas ge­ni­tais, tam­bém co­nhe­ci­dos de con­di­lo­ma acu­mi­na­do a pro­te­ção mais ampla é esperada.

É cor­re­to, en­tre­tan­to, que se diga que em vá­rias si­tua­ções mais de um tipo viral está en­vol­vi­do nos casos de NIC.

Re­su­min­do, de al­gu­ma forma, mesmo que menor é es­pe­ra­do que uma pes­soa com pas­sa­do de NIC/SIL tenha al­gu­ma pro­te­ção re­ce­ben­do va­ci­na con­tra HPV. Não co­nhe­ce­mos es­tu­dos en­vol­ven­do tais si­tua­ções, mas o ra­cio­cí­nio clí­ni­co e ló­gi­co in­di­ca para algum be­ne­fí­cio na va­ci­na­ção, prin­ci­pal­men­te para a va­ci­na quadrivalente.

– Quem já teve ver­ru­gui­nha/con­di­lo­ma acu­mi­na­do no ge­ni­tal pode tomar a va­ci­na?

Res­pos­ta: Aplicam-se aqui as mes­mas ex­pli­ca­ções da res­pos­ta anterior.

– Quem teve exame po­si­ti­vo para HPV pode tomar a va­ci­na?

Res­pos­ta: No­va­men­te de­ve­mos apli­car nesta res­pos­ta o mesmo ra­cio­cí­nio das duas per­gun­tas anteriores. Ter tido um exame po­si­ti­vo para um tipo de HPV não tra­duz que a pes­soa está ou vai ter as le­sões cau­sa­das pelo HPV. Pode, o que é fre­qüen­te, ser ape­nas uma po­si­ti­vi­da­de transitória. Ou seja, a pes­soa en­trou em con­ta­to com o vírus, mas o sis­te­ma imune, so­zi­nho, con­se­guiu de­be­lar a infecção. Como as va­ci­nas pos­suem mais de um tipo viral ha­ve­rá, de ro­ti­na, o de­sen­vol­vi­men­to de pro­te­ção para os tipos de HPV não en­vol­vi­dos no exame positivo.

Porém, não podemos omitir que os estudos recentes publicados sobre vacina contra HPV (monovalente, bivalente ou quadrivalente) foram com pessoas com exames prévios negativos, tanto para DNA-HPV como para anticorpos contra HPV.

– Al­guém teve outro tipo de neo­pla­sia/cân­cer cau­sa­do por HPV em outra área do corpo que não a ge­ni­tal mesmo to­man­do va­ci­na con­tra HPV?

Res­pos­ta: Pelo que sa­be­mos não exis­te re­la­to de cân­cer cau­sa­do por HPV em área ex­tra­ge­ni­tal em pes­soa que fez uso de va­ci­na con­tra HPV.

– Como uma pes­soa pode saber se tem an­ti­cor­pos con­tra o HPV?

Res­pos­ta: Ainda não exis­tem, de forma co­mer­cial e ro­ti­nei­ra, esses exa­mes para uso na prá­ti­ca médica. Os pes­qui­sa­do­res usam a do­sa­gem de an­ti­cor­pos em avan­ça­dos cen­tros de pes­qui­sa e ape­nas em in­di­ví­duos vo­lun­tá­rios que par­ti­ci­pam de pes­qui­sas em va­ci­nas con­tra HPV.

– Após ser va­ci­na­da con­tra HPV a pes­soa pode tran­sar sem pre­ser­va­ti­vo?

Res­pos­ta: Uma va­ci­na pro­te­ge con­tra o agen­te in­fec­cio­so específico. Assim, uma pes­soa va­ci­na­da con­tra al­guns tipos de HPV fi­ca­rá pro­te­gi­da con­tra as doen­ças cau­sa­das pelos tipos vi­rais da vacina. Quem re­ce­ber va­ci­na bi­va­len­te con­tra HPV 16 e 18 fi­ca­rá imu­ni­za­da con­tra esses vírus e suas pa­to­lo­gias (neo­pla­sias intra-epiteliais). Uma pes­soa que re­ce­ber va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra HPV 6, 11, 16 e 18 terá uma pro­te­ção maior. Pois fi­ca­rá pro­te­gi­da con­tra doen­ças mais co­muns dos HPV 6 e 11 (con­di­lo­ma acu­mi­na­do – ver­ru­ga ge­ni­tal) e tam­bém dos HPV 16 e 18 (neo­pla­sias intra-epiteliais). O uso de pre­ser­va­ti­vo (mas­cu­li­no ou fe­mi­ni­no) terá ação con­tra ou­tras doen­ças de trans­mis­são se­xual que ainda não pos­suem va­ci­na, como HIV, her­pes ge­ni­tal, cla­mí­dia, sífilis…

– Ha­ven­do gran­de acei­ta­ção na apli­ca­ção da va­ci­na con­tra HPV será pos­sí­vel ima­gi­nar que, no fu­tu­ro, os casos de cân­cer de colo de útero au­men­tem muito à custa de ou­tros tipos de HPV que não estão nas va­ci­nas e por­que, tam­bém, as pes­soas va­ci­na­das vão per­der o medo e ter mais re­la­ções des­pro­te­gi­das?

Res­pos­ta: Não acre­di­ta­mos que isso se torne uma verdade. Dito assim pode pa­re­cer uma pro­pos­ta ne­ga­ti­vis­ta ao avan­ço que as va­ci­nas cau­sam no bem estar da humanidade.

Na his­tó­ria das va­ci­nas em hu­ma­nos não con­se­gui­mos re­cu­pe­rar re­la­tos similares. Não acon­te­ceu isso com a po­lio­mie­li­te, va­río­la, raiva, ru­béo­la, he­pa­ti­te A, he­pa­ti­te B, té­ta­no, co­que­lu­che, dif­te­ria, me­nin­go­co­co C, pneumococo…

Pelo con­trá­rio, a po­pu­la­ção que usa de pro­te­ção das va­ci­nas acaba tendo mais en­ten­di­men­to dos pro­ble­mas e agre­gam mais va­lo­res de pro­te­ção para a sua saúde e de seus familiares. Não é fato ro­ti­nei­ro uma pes­soa tomar va­ci­na con­tra he­pa­ti­te A e sair por aí to­man­do qual­quer água ou banhando-se em águas sujas.

– Está sendo muito fa­la­do de es­tu­dos em mulheres. Se real­men­te é uma DST, os ho­mens não serão va­ci­na­dos?

Res­pos­ta: Es­pe­ra­mos que um dia a va­ci­na con­tra HPV tam­bém seja apro­va­da para uso em homens. Ainda não ter­mi­na­ram os en­saios clí­ni­cos en­vol­ven­do pes­soas do sexo mas­cu­li­no para que a per­gun­ta seja res­pon­di­da de forma convincente. Que­re­mos crer que em mais um ou dois anos te­re­mos uma boa res­pos­ta sobre a va­ci­na­ção em ho­mens, es­pe­cial­men­te para os adolescentes.

– Com quan­tos anos deve-se ini­ciar o exame de pre­ven­ti­vo?

Res­pos­ta: De uma ma­nei­ra geral, o exame de Pa­pa­ni­co­laou está in­di­ca­do para o ras­treio do cân­cer de colo ute­ri­no três anos de­pois de ini­cia­da a vida se­xual ou com 25 anos de idade. O que acon­te­cer primeiro. To­da­via, mui­tos mé­di­cos e mui­tas mu­lhe­res pre­fe­rem ter um exame de base assim que exis­tir coito vaginal. Isso pode levar um vín­cu­lo maior da mu­lher com o sis­te­ma de saúde, pois ou­tras si­tua­ções podem ocor­rer como, DST/HIV, gra­vi­dez não pla­ne­ja­da, dis­fun­ção sexual…

– Como será o ras­treio do cân­cer do colo ute­ri­no de­pois que uma pes­soa tomar a va­ci­na con­tra HPV? Qual o tempo de in­ter­va­lo? Será ne­ces­sá­rio con­ti­nuar fa­zen­do exame pre­ven­ti­vo?

Res­pos­ta: Ainda não se pode ter plena cer­te­za qual será o mo­de­lo ideal para todas as populações. O tempo e as pes­qui­sas vão, no fu­tu­ro, res­pon­der me­lhor essa pergunta. En­tre­tan­to, somos de opi­nião que, por en­quan­to, não se deve mudar o es­que­ma de exame de Pa­pa­ni­co­laou, ou seja, fazer anualmente. Com dois exa­mes ne­ga­ti­vos em um in­ter­va­lo de um ano, o exame pode ser re­pe­ti­do a cada dois anos, pelo menos.

Por outro lado, é per­ti­nen­te dizer que o FDA (EUA) já apro­vou o teste de pes­qui­sa de HPV por téc­ni­ca de bio­lo­gia mo­le­cu­lar (cap­tu­ra hí­bri­da) para ser usado em mu­lhe­res com mais de 30 anos com a visão de com­ba­ter o pro­ble­ma de cân­cer de colo de útero.

No Bra­sil, os se­to­res es­pe­cí­fi­cos do Mi­nis­té­rio da Saúde ainda não fi­ze­ram pro­pos­tas de mo­di­fi­ca­ção no ras­treio do cân­cer de colo uterino.

– Qual será o preço da va­ci­na?

Res­pos­ta: Como o produto acabou de ser liberado pela ANVISA (28/08/2006) só em alguns meses é que teremos a sua comercialização. Assim, o preço final para o consumidor brasileiro ainda não está anunciado.

To­da­via, de­ve­mos des­ta­car que o preço de um pro­du­to far­ma­cêu­ti­co está li­ga­do ao custo de de­sen­vol­vi­men­to (pes­qui­sa), be­ne­fí­cio es­pe­ra­do e atin­gi­do, ofer­ta e pro­cu­ra, po­lí­ti­cas pú­bli­cas de saúde entre outros.

Nos Es­ta­dos Uni­dos da Amé­ri­ca, onde a va­ci­na já está sendo ven­di­da o preço apro­xi­ma­do é de U$ 120,00 cada uma das três doses. Vamos acre­di­tar que as em­pre­sas en­vol­vi­das, junto com os ges­to­res pú­bli­cos, com a so­cie­da­de civil or­ga­ni­za­da, uma vez que o poder aqui­si­ti­vo no Bra­sil é bem menor que nos EUA, con­si­gam fazer com que o preço aqui seja sig­ni­fi­ca­ti­va­men­te menor.

– Será dada pelo Go­ver­no como a da gripe, Ro­ta­ví­rus e po­lio­mie­li­te, entre ou­tras?

Res­pos­ta: Po­de­ria ser uma ati­tu­de ou­sa­da nesta fase. Que­re­mos crer que assim que os nú­me­ros de pes­soas usan­do a va­ci­na, fi­can­do pro­te­gi­das, di­mi­nuin­do os casos de cân­cer cau­sa­dos pelos HPV, di­mi­nuin­do o nú­me­ro de casos de ver­ru­gas ge­ni­tais e os subs­tan­ciais gas­tos en­vol­vi­dos no diag­nós­ti­co e tra­ta­men­to des­sas doen­ças os go­ver­nos se sen­si­bi­li­za­rão para as ques­tões de saúde pú­bli­ca e po­de­rão, como fi­ze­ram com ou­tras va­ci­nas, como he­pa­ti­te B, dis­po­ni­bi­li­zar uma va­ci­na con­tra HPV na rede bá­si­ca de saúde. Evi­den­te que será ne­ces­sá­rio, uma vez que a quan­ti­da­de com­pra­da será de mi­lhões de doses, um bom ajus­te de preço.

– Vai ter va­ci­na con­tra HPV as­so­cia­da con­tra outra doen­ça?

Res­pos­ta: Acre­di­ta­mos que sim. Pois, já exis­te es­tu­do sendo con­du­zi­do en­vol­ven­do as va­ci­nas con­tra HPV e con­tra he­pa­ti­te B ad­mi­nis­tra­das simultaneamente.

Num en­saio de fu­tu­ris­mo as­so­cia­do a gran­de oti­mis­mo e pro­fun­do de­se­jo é nossa opi­nião de que es­ta­mos as­sis­tin­do ao nas­ci­men­to de um pro­du­to que, em breve tempo po­de­rá ter as­so­cia­ção multi-viral anti-DST. So­nha­mos com uma va­ci­na en­vol­ven­do an­tí­ge­nos imu­nó­ge­nos con­tra he­pa­ti­te B, HPV, HIV e HSV (her­pes vírus). O nome bem que po­de­ria ser Sex­Vax ou VaxSex. Como, no Bra­sil, as va­ci­nas não podem ter nome de marca, por aqui será cha­ma­da, ca­ri­nho­sa­men­te, de tetrasexviral.

Tam­bém acre­di­ta­mos que junto com a pí­lu­la an­ti­con­cep­cio­nal e o Via­gra® a va­ci­na con­tra HPV será um im­por­tan­te marco para a se­xua­li­da­de humana.

– Fala-se tanto de HPV, mas qual é o ta­ma­nho do pro­ble­ma?

Res­pos­ta: É muito grande. Acredita-se que cerca de 50% da po­pu­la­ção se­xual­men­te ativa em algum mo­men­to da vida cruza com o HPV. Estima-se que: 30 mi­lhões de pes­soas, em todo o mundo, te­nham le­sões de ver­ru­ga ge­ni­tal/con­di­lo­ma acu­mi­na­do; 10 mi­lhões de pes­soas apre­sen­tem le­sões intra-epiteliais de alto grau em colo ute­ri­no e que ocor­rem no mundo 500 mil casos de cân­cer de colo ute­ri­no anualmente.

No Bra­sil, o Ins­ti­tu­to Na­cio­nal do Cân­cer (INCA), in­for­ma a ocor­rên­cia de 18.000 casos novos a cada ano de cân­cer de colo uterino. E que, cerca de 4.000 mu­lhe­res mor­rem a cada ano ví­ti­mas de cân­cer de colo de útero.

Sabe-se que 11% de todos os casos de cân­ce­res que aco­me­tem as mu­lhe­res são cau­sa­dos por HPV. Pois, além de le­sões em colo ute­ri­no (os prin­ci­pais) os cân­ce­res por HPV podem ser em vulva, va­gi­na, ânus, oro­fa­rin­ge, ca­vi­da­de bucal e laringe.

Cabe, ainda, dizer que em­bo­ra não seja nem se trans­for­me em doen­ça ma­lig­na os con­di­lo­mas acu­mi­na­dos cau­sam, por vezes, altos cus­tos para tra­ta­men­to, falta ao tra­ba­lho (ab­sen­teís­mo), se­qüe­las lo­cais (por conta de ci­rur­gias, cau­te­ri­za­ções) e im­por­tan­tes trau­mas emo­cio­nais, entre outros. Isso tudo é agra­va­do por­que em mui­tos casos a re­ci­di­va é gran­de fa­zen­do com que a pes­soa com qua­dro de ver­ru­ga ge­ni­tal tem que fazer mais de dez vi­si­tas ao médico.